segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Encontramo-nos mais logo no “Grupo de Pais?”!


Hoje é dia de artigo, por aqui. Desta vez escrito por nós, e recentemente publicado no Diário de Coimbra, através da parceria entre o Diário de Coimbra e o Psikontacto. Sobretudo para os pais, que às vezes têm desafios acrescidos no seu papel parental e porque se fala muito de educação parental, escolas de pais... que tal grupos de pais!?   

“Sou mãe de uma reguila de 4 anos, quase 5. Tem uma personalidade muito vincada e raramente faz o que lhe peço. Neste momento (e não só neste), sinto-me um pouco perdida, pois tenho muito receio do futuro da minha filha. Para além disso, hoje em dia passamos pouco tempo com ela, pouco tempo de qualidade... Depois, o que educamos em meia hora, perdemos logo na hora seguinte, quando a deixamos fazer uma vontade, ou quando nos afastamos e o nosso tempo para ela acaba. Na maior parte das vezes não sei bem o que fazer”. Este relatos, verdadeiros, são cada vez mais comuns a muitas mães e pais, que se sentem cansados, baralhados e, por vezes, inseguros.
As mudanças políticas e sociais constantes a que se encontram expostos têm contribuído para tal. Existe menos suporte da família alargada, maior isolamento social, menor número de filhos por casal e maior instabilidade no emprego. Cada vez temos menos controlo sobre a vida e sobre o nosso dia-a-dia e temos dificuldade em lidar com isso.
Por outro lado, somos pais mais tarde, hipervalorizarmos os nossos filhos, e idealizamos a viagem da parentalidade, que nem sempre, em todos os momentos, é “cor-de-rosa”. Com o acesso fácil e rápido a todo o tipo de informação, boa e má, esquecemos o nosso bom senso. Resultado: ficamos confusos, prolongamos a nossa dificuldade em lidar com os problemas, estabelecemos metas irrealistas para os nossos filhos e acabamos por encarar o Ser Pai ou Mãe como uma profissão, na qual não se pode falhar!
Em relação à parentalidade o mais importante não é “ensinar”. Interessa sobretudo poder experienciar, partilhar, bem como, aumentar o leque de soluções para os problemas e desafios desenvolvimentais das crianças. Os grupos de pais, podem ser uma forma de intervenção alternativa. Normalmente liderados por dois técnicos com especialização nesta área, têm uma periodicidade semanal e um número previamente estabelecido de sessões. Baseiam-se em programas e estratégias empiricamente validadas, e por conseguinte, têm regras e objetivos bem definidos, entre eles, potenciar o desenvolvimento de práticas parentais positivas, que visem o aumento dos comportamentos pró-sociais da criança e a diminuição dos seus comportamentos negativos. Os pais levam para o grupo a sua “malas de ferramentas” e (re)constroem, através de um processo colaborativo, novas soluções.  As redes de suporte das famílias aumentam e a satisfação com a parentalidade e a auto-eficácia dos pais é reforçada.
“Gostei da última sessão. Foi muito bom poder partilhar as minhas dificuldades e sentir que do outro lado não me estavam a julgar e a criticar, mas sim a ouvir e a tentar ajudar. Julgo que esse sentimento foi comum em todas as pessoas e talvez por isso fosse tão recompensador falar daquilo que muitas vezes optamos por calar ou tentar esquecer. Partilhámos sucessos e insucessos. Ouvimos e ficámos felizes uns pelos outros. Hoje também vais? Ok. Então encontramo-nos mais logo na próxima sessão do grupo de pais.”

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