Hoje é dia de artigo, por aqui. Desta vez escrito por nós, e recentemente publicado no Diário de Coimbra, através da parceria entre o Diário de Coimbra e o Psikontacto. Sobretudo para os pais, que às vezes têm desafios acrescidos no seu papel parental e porque se fala muito de educação parental, escolas de pais... que tal grupos de pais!?
“Sou mãe de uma reguila de 4 anos,
quase 5. Tem uma personalidade muito vincada e raramente faz o que lhe peço.
Neste momento (e não só neste), sinto-me um pouco perdida, pois tenho muito
receio do futuro da minha filha. Para além disso, hoje em dia passamos pouco
tempo com ela, pouco tempo de qualidade... Depois, o que educamos em meia hora,
perdemos logo na hora seguinte, quando a deixamos fazer uma vontade, ou quando
nos afastamos e o nosso tempo para ela acaba. Na maior parte das vezes não sei
bem o que fazer”. Este relatos, verdadeiros, são cada vez mais comuns a muitas
mães e pais, que se sentem cansados, baralhados e, por vezes, inseguros.
As mudanças políticas e sociais
constantes a que se encontram expostos têm contribuído para tal. Existe menos
suporte da família alargada, maior isolamento social, menor número de filhos
por casal e maior instabilidade no emprego. Cada vez temos menos controlo sobre
a vida e sobre o nosso dia-a-dia e temos dificuldade em lidar com isso.
Por outro lado, somos pais mais tarde,
hipervalorizarmos os nossos filhos, e idealizamos a viagem da parentalidade, que
nem sempre, em todos os momentos, é “cor-de-rosa”. Com o acesso fácil e rápido a
todo o tipo de informação, boa e má, esquecemos o nosso bom senso. Resultado:
ficamos confusos, prolongamos a nossa dificuldade em lidar com os problemas,
estabelecemos metas irrealistas para os nossos filhos e acabamos por encarar o
Ser Pai ou Mãe como uma profissão, na qual não se pode falhar!
Em relação à parentalidade o mais
importante não é “ensinar”. Interessa sobretudo poder experienciar, partilhar,
bem como, aumentar o leque de soluções para os problemas e desafios
desenvolvimentais das crianças. Os grupos de pais, podem ser uma forma de
intervenção alternativa. Normalmente liderados por dois técnicos com
especialização nesta área, têm uma periodicidade semanal e um número
previamente estabelecido de sessões. Baseiam-se em programas e estratégias
empiricamente validadas, e por conseguinte, têm regras e objetivos bem
definidos, entre eles, potenciar o desenvolvimento de práticas parentais
positivas, que visem o aumento dos comportamentos pró-sociais da criança e a
diminuição dos seus comportamentos negativos. Os pais levam para o grupo a sua
“malas de ferramentas” e (re)constroem, através de um processo colaborativo, novas
soluções. As redes de suporte das
famílias aumentam e a satisfação com a parentalidade e a auto-eficácia dos pais
é reforçada.
“Gostei da última sessão. Foi muito bom
poder partilhar as minhas dificuldades e sentir que do outro lado não me
estavam a julgar e a criticar, mas sim a ouvir e a tentar ajudar. Julgo que
esse sentimento foi comum em todas as pessoas e talvez por isso fosse tão
recompensador falar daquilo que muitas vezes optamos por calar ou tentar
esquecer. Partilhámos sucessos e insucessos. Ouvimos e ficámos felizes uns
pelos outros. Hoje também vais? Ok. Então encontramo-nos mais logo na próxima sessão
do grupo de pais.”
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