segunda-feira, 10 de setembro de 2012

    Ao longo do desenvolvimento dos nossos filhos existem momentos em que nos questionamos sobre a necessidade de os levar ao psicólogo. Será que o levo? Isto passa? Vou esperar mais um pouco, talvez seja normal! Na maior parte das vezes as "crises" são passageiras, mas noutras situações uma ajuda externa pode ser a melhor solução. Na nossa prática clínica costumamos dar atenção a alguns indicadores relacionados com a intensidade, persistência e interferência dos comportamentos da crianças nas diferentes áreas do seu funcionamento. Estes três critérios ajudam-nos a decidir e a responder à questão "Devo ou não levar o meu filho a um Psicólogo". Na semana passada foi publicado um artigo no Diário de Coimbra de um psicóloga clínica do Psikontacto (www.psikontacto.com), Maria do Céu Salvador, que fala exatamente sobre este tema. Aqui fica, uma leitura para iniciar a semana!


Devo levar o meu filho a um psicólogo?
Raramente são as crianças ou os adolescentes a reconhecer a necessidade de uma consulta de psicologia. Perante isto, são os pais, os professores ou outras pessoas significativas que decidem se existem ou não razões de preocupação e, consequentemente, se se deve ou não procurar ajuda especializada.
Algumas vezes, as razões de preocupação dos pais prendem-se com dúvidas relacionadas com o desenvolvimento normal. No entanto, não raras vezes, problemas comuns, no contexto de uma situação familiar ou escolar desfavorável, podem persistir e ter mau prognóstico. O facto de os educadores não disporem de informação que lhes indique quais os problemas que desaparecerão com o tempo e quais os que se irão manter, leva a que, muitas vezes, a consulta sirva para fornecer indicações acerca de como lidar e ultrapassar dificuldades normais, para que estas não se mantenham no tempo e não se tornem crónicas.
Outras vezes, existem dificuldades significativas que chamam a atenção de pais e professores e que já não se confundem com problemas comuns, principalmente se interferirem no rendimento escolar ou incomodarem terceiros (por ex., problemas de comportamento ou de hiperatividade podem provocar dificuldades na aprendizagem, incomodam colegas e professores e implicam um trabalho redobrado dos pais para manter alguma ordem).
Infelizmente, a tristeza ou a ansiedade passam mais despercebidas aos adultos, por serem menos visíveis, incomodarem menos e serem mais facilmente associadas a fatores de personalidade, embora o sofrimento da criança seja significativo e a ajuda especializada seja uma necessidade.
Que critérios utilizar para decidir a pertinência de uma intervenção? A regra de ouro é procurar ajuda se algum problema provocar grande sofrimento emocional e/ou afetar significativamente o funcionamento normal da criança/adolescente. Para os psicólogos, a decisão de intervir ou não depende, também, de outros fatores, que se conjugam entre si. Entre eles podemos considerar: dificuldades que não são espectáveis numa determinada idade (por ex., dificuldades em dormir sozinho aos 10 anos), ou num determinado contexto (por ex., não parar quieto na sala de aula), problemas com grande probabilidade de se manterem e agravarem se não forem sujeitos a intervenção terapêutica (por ex., comportamentos obsessivos) e o conhecimento específico das patologias mais frequentes na infância e adolescência. Em função da informação recolhida, o psicólogo decidirá se haverá ou não lugar a uma intervenção, de que tipo e se deve pedir avaliações ou intervenções complementares (por ex., neurologia ou pedopsiquiatria).
Perante este cenário, facilmente se compreende a importância de distinguir aspetos desenvolvimentais normais de sinais de alerta que requerem o encaminhamento para uma consulta de psicologia. A conjugação de esforços de pais, professores e profissionais será decisiva para assegurar a crianças e adolescentes um desenvolvimento harmonioso e um percurso de vida equilibrado.

Retirado de http://www.facebook.com/#!/psikontacto

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